Brasília (DF) - Na live de quinta -feira (4/2) Bolsonaro contou com a presença de Antonio Barra Torres, presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que comentou o trabalho da agência na análise das vacinas contra o coronavírus. Pouco antes da defesa do "tratamento precoce", como Bolsonaro e o governo classificam o uso de medicamentos sem eficácia comprovada para tratar a covid-19, ele questionou Barra Torres sobre a possibilidade de médicos receitarem remédios off-label para pacientes tratarem algumas doenças, em alusão à utilização da hidroxicloroquina e de outros produtos contra o coronavírus. O presidente da Anvisa, que é médico, esclareceu sobre o conceito do tratamento off-label, mas não opinou sobre os medicamentos. "É o tratamento que não está previsto na bula. Existe como prática médica há muitos anos", disse, citando publicações recentes da Associação Médica Brasileira e do Conselho Federal de Medicina que detalham esse tipo de tratamento. Barra Torres, no entanto, não opinou sobre o assunto. "Este não é um tema da atividade regulatória, da Anvisa, não atuamos nessa seara." Ao introduzir o tema, Bolsonaro chegou a dizer que a vacina era "algo novo, tanto que é experimental". Barra Torres esclareceu que "nesta fase, os dois protocolos [para as vacinas da AstraZeneca e CoronaVac] são de uso emergencial. Vai tender ao uso amplo quando isso for pedido. A AstraZeneca já pediu", ressaltou. Já no final da live, Barra Torres defendeu o uso de qualquer vacina que foi aprovada pela Anvisa, mesmo para uso emergencial, e disse que se imunizaria logo após os grupos prioritários. A posição dele se contrasta à de Bolsonaro, que já se disse desconfiado das vacinas e afirmou, inclusive, que não iria se vacinar. "Assim que tiver a possibilidade, eu estarei na fila do posto de saúde para tomar a vacina", disse o presidente da Anvisa. "Você vai se vacinar?", perguntou Bolsonaro. "Eu vou, claro", respondeu Barra Torres. Bolsonaro disse que o acompanharia. Em seguida, esclareceu: "eu vou te acompanhar, não. Eu vou ver você ser vacinado". "Já é um caminho, já é um início", respondeu o presidente da Anvisa. Em seguida, ele disse que vai tomar a vacina "que tiver no posto". "Não me interessa qual. E agora o presidente vai me acompanhar", concluiu Barra Torres. Bolsonaro, na sequência, brincou com o chefe da Anvisa perguntando se ele mesmo poderia vaciná-lo, antes de encerrar a transmissão da live.
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