Brasília (DF) - Apesar de pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para arquivamento do inquérito de atos antidemocráticos, a Polícia Federal pediu à PGR em janeiro novas diligências e indicou pelo menos seis linhas adicionais de investigação no relatório parcial. Investigações apontam suspeita de "rachadinha" em gabinete de deputados bolsonaristas, uso de verba federal para financiamento dos atos e de recursos do exterior.As manifestações pediam ataques ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal e faziam apologia ao AI-5, considerado o ato mais repressor da ditadura militar. Parlamentares e blogueiros bolsonaristas são investigados no inquérito. Um relatório parcial da PF, enviado à PGR no início do ano, obtido pela TV Globo, mostra que a corporação diz ter encontrado indícios de que apoiadores e parlamentares bolsonaristas discutiram ações para a propagação de discursos de ódio e a favor do rompimento institucional. No documento, a Polícia Federal indica uma série de linhas para o aprofundamento das investigações. Essas sugestões incluem:
Apurar uma suposta articulação para evitar que um sócio do blogueiro bolsonarista Allan dos Santos fosse chamado para depor à CPI das Fake News;
Conferir se houve direcionamento de verbas do governo federal para sites e canais bolsonaristas;
Investigar repasses a uma empresa de tecnologista ligada à publicidade do Aliança pelo Brasil (partido que Jair Bolsonaro tentou fundar) e que também prestou serviço para parlamentares governistas;
Apurar valores repassados por servidores públicos ao blogueiro Allan dos Santos, incluindo uma funcionária do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES);
Investigar a existência de um braço estrangeiro de financiamento dos atos antidemocráticos, contando com um acordo de cooperação internacional com o Canadá;
Aprofundar investigações sobre uma possível "rachadinha" em gabinetes de deputados governistas na Câmara dos Deputados, com o redirecionamento das verbas para o financiamento dos atos antidemocráticos.
O relator do caso no STF, ministro Alexandre de Moraes, enviou esse relatório parcial da PF à PGR em 4 de janeiro. A PGR só se manifestou nesta semana, com o pedido de arquivamento do inquérito.