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Cobrança

Onde está Wally?': Doria cobrando 'sumiço' de Pazuello e falta de vacinas contra Covid-19

Um relatório, divulgado na semana passada pelo jornal inglês The Economist, estimou que o Brasil deverá ter sua população completamente imunizada contra o novo coronavírus somente na metade de 2022

Foto: AP Photo/Eraldo Peres
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A cobrança de Doria acontece em um momento de pressão sob Pazuello, investigado pelo STF sobre o colapso no sistema de saúde de Manaus

03 fevereiro, 2021

São Paulo (SP) - O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), comparou o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, ao personagem Wally, famoso em livros de entretenimento infanto-juvenil, ao cobrar um suposto “sumiço” do mandatário da pasta. “Uma boa pergunta: onde está o ministro da Saúde? Onde está Wally?”, questionou Doria ao responder uma pergunta sobre a disponibilidade de outras vacinas contra Covid-19 além da CoronaVac, desenvolvida pelo Instituto Butantan e pelo laboratório chinês Sinovac Biotech. “9 de cada 10 vacinas que estão no Brasil, neste momento, são do Butantan”, completou Doria. “Onde estão as outras vacinas? Cobrem isso do Ministério da Saúde. Não é possível que só São Paulo responda sobre as vacinas do Brasil. E o Ministério da Saúde”. Logo após a comparação, o governador cobrou respostas de Pazuello. “Nós estamos durante uma gravíssima pandemia e onde está o ministro da Saúde? Onde estão as respostas para o Brasil e para os brasileiros? Não há coletivas, não há informações”. Desde a semana passada, Pazuello estava em Manaus em uma missão “sem voo de volta” na tentativa de minimizar o desgaste na imagem do governo provocado pelo colapso no sistema de saúde da cidade e pela crise de desabastecimento de oxigênio. Na segunda e na terça, a agenda oficial de Pazuello trazia apenas uma anotação genérica de “reuniões internas”. Já nesta quarta, o ministro tinha somente agendada, às 11 horas, uma videconferência com a Frente Parlamentar da Indústria de Medicamentos, na sala de reuniões do Ministério da Saúde. No fim de janeiro, a PGR (Procuradoria-Geral da República) solicitou ao STF (Supremo Tribunal Federal), abertura de inquérito para apurar a conduta do ministro em relação à crise enfrentada em Manaus. O inquérito na PF foi oficialmente aberto, a pedido do STF, no dia 29 de janeiro. O procurador-geral da República, Augusto Aras, acatou representação do partido Cidadania, que alega que houve omissão do ministro da Saúde e auxiliares no caso. A PGR aponta que o Ministério da Saúde recebeu informações sobre um possível colapso no sistema de saúde na capital do estado no dia 8 janeiro. Entre integrantes da cúpula militar há pedidos para que Pazuello deixe o comando da Saúde para não prejudicar a imagem das Forças Armadas. Apesar de estar incomodado com a postura do ministro, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem afirmado que, por enquanto, não pretende trocar Pazuello. No dia 30 de janeiro, Bolsonaro afirmou que Pazuello faz um "trabalho excepcional" e que ele é um "tremendo de um gestor". Ele disse ainda que não é competência do governo levar oxigênio para Manaus. Até agora, o governo federal recebeu 6 milhões de doses da CoronaVac, e outros 2 milhões de doses da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com a AstraZeneca, importadas da Índia. Está prevista para a noite desta quarta-feira (3/2) a chegada de mais 5,4 mil litros de insumos farmacêuticos ativos, vindos da China, que serão usados na produção de outras 8,6 milhões de doses da CoronaVac. O governo federal possui um acordo com o Butantan para o fornecimento, até abril, de 46 milhões de doses da CoronaVac, sendo que parte desse total já foi distribuída aos estados e municípios para imunização da população. Outras 54 milhões de doses da CoronaVac também deverão ser fornecidas, ainda segundo o acordo firmado, até o fim de 2021. O Ministério da Saúde também possui um contrato para obter 100 milhões da vacina da Universidade de Oxford e 40 milhões do mecanismo Covax Facility, liderado pela OMS (Organização Mundial de Saúde). Um relatório, divulgado na semana passada pelo jornal inglês The Economist, estimou que o Brasil deverá ter sua população completamente imunizada contra o novo coronavírus somente a partir da metade de 2022.