No próximo dia 10/11 em evento em Brasília, o ex-ministro da Justiça e ex-juiz da operação Lava Jato Sergio Moro vai se filiar ao partido Podemos. A divulgação de sua candidatura, no entanto, chama a atenção por ser idêntica a uma utilizada pelo PT (Partido dos Trabalhadores) em favor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2016. A frase “Um Brasil justo para todos”, que está sendo usada no convite virtual para o ato de filiação, junto a uma foto de Moro em frente à bandeira do Brasil, foi usada pelo PT em campanha para defender a inocência de Lula frente às investigações da Operação Lava Jato, conduzida por Moro. A campanha “Um Brasil Justo pra Todos e pra Lula” foi lançada em novembro de 2016 e, segundo o portal do PT, propunha um “esforço nacional e internacional de defesa da democracia, do Estado de Direito e do ex-presidente Lula”. “Todos nós, que condenamos veementemente a corrupção, não podemos aceitar que o combate a esse grande mal dê vazão a outros seríssimos desvios. Não toleramos a criminalização dos movimentos sociais, os excessos e desmandos de setores do Judiciário, a institucionalização dos vazamentos para a imprensa de depoimentos que deveriam ser sigilosos, as prisões preventivas que se transformam em permanentes, as ações violentas das PMs contras as manifestações e os jovens nas periferias, e tantos outros que atemorizam quem não perde seu apreço pela democracia”, afirmava o texto da campanha. Cinco meses depois do lançamento desta camapanha, Sergio Moro decretou a prisão do ex-presidente em primeira instância por corrupção e lavagem de dinheiro, a qual só viria a se concretizar em abril de 2018. Depois de 580 dias preso, Lula foi solto em 8 de novembro de 2019, após o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubar a legalidade da prisão de condenados em segunda instância. Em março de 2021, o relator da Lava-Jato, Edson Fachin, anulou todas as decisões tomadas pela 13ª Vara Federal de Curitiba, antes conduzida por Moro, em quatro processos contra Lula, por entender que a Justiça de Curitiba não tem competência em relação ao caso. Com a decisão, o petista recuperou seus direitos políticos e poderá se candidatar nas eleições presidenciais em 2022. No mesmo mês, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que o ex-juiz Sergio Moro foi parcial ao condenar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso do tríplex do Guarujá, um dos casos investigados na Lava Jato.
Candidatura de Moro
O Podemos agora considera lançar a candidatura do ex-ministro a senador ou a presidente da República. Caso decida disputar o Palácio do Planalto, Moro poderá concorrer contra o ex-presidente Lula, de quem emprestou o slogan para o anúncio de sua filiação. A figura do ex-ministro ganhou popularidade com a Lava Jato e, depois, como ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro (sem partido). Ele deixou a pasta em abril de 2020, depois de acusar o presidente de tentar interferir na direção da Polícia Federal, a qual é subordinada à pasta que comandava. Em seguida, Moro trabalhou como consultor em uma empresa nos Estados Unidos, vínculo que ele encerrou no final de outubro. Ao voltar para o Brasil para firmar sua filiação ao Podemos na quarta-feira (3/11), o ex-ministro foi recebido com xingamentos e protestos ao desembarcar no aeroporto de Brasília.