O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro , criticou nesta segunda-feira (25/11) a decisão do Carrefour de suspender a compra de carnes provenientes de países do Mercosul , chamando-a de um " protecionismo desproporcional" por parte da França. Fávaro também apoiou a decisão dos frigoríficos brasileiros de interromper as vendas para a rede de supermercados no Brasil. "O Brasil tem uma agricultura de larga escala, de volume, segurança de fornecimento. A reação é desproporcional. Tanto que todos os outros países da comunidade europeia já compreenderam a situação e são favoráveis ao acordo", afirmou o ministro em entrevista à GloboNews. O ministro também rechaçou as alegações de que a sanidade da carne brasileira seja questionada. "O Brasil tem uma das melhores sanidades de produtos alimentícios do mundo. Não dá nem para comparar com a qualidade francesa", declarou, defendendo o alto padrão de segurança dos produtos alimentícios nacionais. Fávaro expressou satisfação com a atitude dos frigoríficos brasileiros que decidiram suspender as vendas de carne para o Carrefour e outras redes associadas, como Atacadão e Sam’s Club, no Brasil. Ele considerou essa atitude uma questão de "soberania nacional". "Se para o povo francês o Carrefour não serve comprar carne brasileira, que o Carrefour também não compre carne brasileira para colocar nas suas gôndolas aqui no Brasil", afirmou Fávaro.
Expectativa sobre acordo entre Mercosul e União Europeia
O ministro também falou sobre a iminente assinatura do acordo entre o Mercosul e a União Europeia, prevista para o próximo dia 6 de dezembro, durante a Cúpula do Mercosul. Para Fávaro, apesar da reação negativa de algumas partes, há um grande interesse mútuo pela aliança. "Eu acho que eles [empresários franceses] estão sendo desproporcionais neste momento, mas ainda assim há uma boa perspectiva para que se formalize esse acordo no dia 6 de dezembro", disse. A decisão do Carrefour de suspender a compra de carne do Mercosul se deu após declarações de Alexandre Bompard, CEO da empresa na França, que se posicionou contra o acordo de livre-comércio entre a União Europeia e o Mercosul. Em um discurso direcionado ao presidente da FNSEA (Federação Nacional dos Sindicatos de Agricultores da França), Bompard afirmou que os agricultores franceses estavam desanimados e indignados com o risco de o mercado francês ser inundado com carne proveniente do Mercosul, que, segundo ele, não atenderia às normas francesas. Em resposta, o Ministério da Agricultura brasileiro criticou as declarações de Bompard, lamentando a postura do Carrefour e destacando que tais atitudes protecionistas "influenciam negativamente o entendimento de consumidores sem quaisquer critérios técnicos que justifiquem tais declarações".
Críticas haviam sido feitas também no domingo
Fávaro já tinha exposto suas críticas à França o domingo (24/11), afirmando que o Brasil não é uma "colônia" da nação europeia. "Os franceses não podem nos tratar como uma colônia", declarou o ministro, em entrevista exibida pelo Globo Rural. Na semana passada, o CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, anunciou que a empresa deixará de comercializar carnes originárias do bloco sul-americano, justificando a medida como um apoio aos agricultores franceses. Em resposta, frigoríficos brasileiros suspenderam no último dia 20 de novembro a venda de carnes ao Grupo Carrefour no Brasil, que inclui as redes Carrefour, Atacadão e Sam's Club. A represália impacta cerca de 150 lojas da rede no país.
Fávaro expressou apoio à iniciativa dos frigoríficos.
"Parabenizei e apoiei a atitude deles. O presidente Lula (PT) soube da ação e gostou. Trata-se de soberania. Eles se acham a última bolacha do pacote", comentou. Segundo o ministro, "as empresas brasileiras que fornecem carne para lá (França) são as mesmas que fornecem aqui. Portanto, foi uma atitude bonita deles. Se não podem fornecer para o Carrefour francês, também não vão fornecer para o Carrefour brasileiro". Recentemente, Fávaro já havia dito que existe uma "ação orquestrada, com o objetivo de ferir a soberania, querendo arrumar um pretexto para a França não assinar o acordo Mercosul-UE".