Na entrevista mais cedo à Rádio Capital FM, do Mato Grosso, Sergio Moro comentou a reportagem requentada da Folha sobre a doação de Alberto Youssef nas eleições de 1998 a Alvaro Dias, hoje um dos principais entusiastas da candidatura presidencial do ex-juiz da Lava Jato. A Folha foi buscar a prestação de contas de Alvaro na eleição de 23 anos atrás para pincelar a doação de R$ 21 mil de duas empresas de Youssef — os valores recebidos, devidamente declarados à Justiça Eleitoral, se referiam a horas de voo de jatinho que o doleiro cedeu ao então candidato ao Senado pelo PSDB do Paraná. O caso em questão foi arquivado em 2004 por falta de provas. O jornal não teve muito trabalho: essa história está sendo explorada por bolsonaristas há dias nas redes sociais. O próprio Jair Bolsonaro replicou um vídeo em que Youssef, em delação, fala da doação a Alvaro em 1998. A Folha faz questão de dizer que Youssef foi um dos principais pivôs da Lava Jato e chegou a ser preso por Moro. Mas não diz que, em 1998, ninguém sabia quem era Youssef e que, claro, não existia Lava Jato naquele ano. “Eu nem conhecia o senador. Ninguém sabia quem era Alberto Youssef na época. Ele começou a ser processado em 2003, no caso Banestado. Depois, foi condenado, preso na Lava Jato. Eu decretei a prisão do Alberto Youssef duas vezes: em 2003 e, depois, em 2014. (…) Qual criminoso de colarinho branco fica quatro anos preso no Brasil? Ninguém protegeu ninguém ali”, disse Moro, na entrevista desta quarta-feira (29/12). O pré-candidato ao Planalto pelo Podemos acrescentou: “A minha relação com o Alberto Youssef eu posso resumir: prendi duas vezes. E, se eu não tivesse feito isso, ele nunca teria respondido pelos seus crimes.”
Fontes: O Antagonista