Brasília (DF) - A médica Ludhmila Hajjar, que foi cotada por Jair Bolsonaro (sem partido) para assumir o Ministério da Saúde e recusou a oferta do presidente, avaliou nesta segunda-feira (15/3) que o cenário do Brasil durante a pandemia de coronavírus é "bastante sombrio". "Cenário no Brasil é bastante sombrio", disse ela em entrevista à GloboNews. Durante a entrevista, Ludhmila ainda projetou que o número de mortes pela Covid-19 no Brasil vai chegar em 500 mil. Hoje, o país registra 278.229 óbitos e mais de 10 milhões de infectados pelo vírus. Segundo ela, um dos motivos de não ter aceitado substituir Eduardo Pazuello no Ministério da Saúde é porque não havia "convergência técnica" entre ela e o governo Bolsonaro. Além disso, para Ludhmila o que o governo esperava não se encaixa no seu perfil, qualificação e linha que segue. A médica também defendeu medidas de isolamento social para reduzir a mortalidade e prioridade na compra de vacinas contra a Covid-19. "Penso pra isso neste momento, para reduzir as mortes, tem que reduzir a circulação das pessoas, de maneira técnica e respaldada por dados científicos." A médica ainda avaliou que o Ministério da Saúde deve orientar equipes médicas sobre a melhor forma de atender pacientes com Covid-19, criando referência nacional de protocolo, criticando a preocupação do governo em discutir o uso de medicamentos sem comprovação de eficácia em casos de coronavírus. "O Brasil precisa de protocolos, e isso é pra ontem. (...) Nós estamos discutindo azitromicina, ivermectina, cloroquina. É coisa do passado. A ciência já deu essa resposta. (...) Perdeu-se muito tempo na discussão de medicamentos que não funcionam", disse. "Não dá para esperar dezembro a população ser vacinada." Por fim, ela lamentou o rumo que o Brasil tomou e está tomando durante a pandemia. “Infelizmente, imperou quem quer o mal no Brasil”, afirmou. “Meu partido político é a saúde”, concluiu.
Ameaças de mortes e ataques bolsonaristas
Nesta segunda-feira (15/3), Ludhmila Hajjar afirmou que sofreu ataques de apoiadores do presidente da República. Mais cedo, em entrevista à CNN, ela relatou tentativas de invasão ao hotel onde ela estava e ameaças de mortes por parte de bolsonaristas. “Eu recebi ataques, tentativa de invasão no hotel que eu estava, ameaças de morte, fui agredida com áudios e vídeos falsos com perfis. Mas estou firme e forte aqui. Hoje volto para São Paulo para continuar a minha missão, que é ser médica. Estou à disposição do meu país e vou continuar atendendo pessoas da direita e da esquerda”, declarou. A médica cardiologista recusou o convite para ocupar o cargo por divergências com Jair Bolsonaro. Ela já havia se manifestado contra o chamado “tratamento precoce”, ou seja, uso de medicamentos comprovadamente ineficazes contra a covid, incentivados pelo presidente. Além disso, apoiava o isolamento social e a vacinação em massa.
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