Brasília (DF) - A insistência de Jair Bolsonaro (sem partido) na ampliação do uso da cloroquina para pacientes com quadro leve do novo coronavírus pode aumentar a ocupações de UTIs e provocar mortes em casa por arritmia. Essa é a visão de Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde. Segundo o ex-ministro, que concedeu entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, o governo já recebeu resultados de testes iniciais que indicam riscos no uso do medicamento. “Começaram a testar pelos [quadros] graves que estão nos hospitais. Do que sei dos estudos que me informaram e não concluíram, 33% dos pacientes em hospital, monitorados com eletrocardiograma contínuo, tiveram que suspender o uso da cloroquina porque deu arritmia que poderia levar a parada cardíaca”, afirma Mandetta. Para Mandetta, a exigência de Bolsonaro com a cloroquina é motivada pela vontade do presidente em reabrir a economia do país. O ex-ministro, contudo, acredita que o Brasil enfrentou apenas um terço da crise gerada pela pandemia e prevê 12 semanas “duras” pela frente. Mandetta foi demitido do Ministério da Saúde no dia 16 de abril e deu lugar a Nelson Teich, que pediu demissão no último final de semana. A avaliação de Mandetta é que a decisão de seu sucessor tenha passado pelo protocolo da cloroquina. “A ideia de dar cloroquina, na cabeça da classe política do mundo, é que, se tiver um remédio, as pessoas voltam ao trabalho. É uma coisa para tranquilizar, para fazer voltar sem tanto peso na consciência (...) Por isso não tem gente séria que defenda um medicamento agora como panaceia”. Sobre a queda de seu sucessor, Mandetta foi direto: "Para mim foi isso que fez com o que Teich falasse: 'Não vou assinar isso. Vai morrer gente e ficar na minha nota’" Com mais de 16 mil mortos e um longo caminho para percorrer ainda, o Brasil teria "perdido" os últimos 30 dias, de acordo com o ex-ministro. “Esse último mês foi perdido, sem nenhuma ação positiva por parte do ministério [da Saúde]. Tinha pedido para toda a minha equipe que permanecesse e ajudasse o ministro [Nelson Teich]. O natural numa situação dessas é o novo ministro colocar a visão dele e pedir para a equipe executar. Mas o que assistimos foi a demissão de todo o segundo e o terceiro escalão do ministério, sem colocar ninguém no lugar. isso ;e o pior dos mundos. O Ministério da Saúde está hoje uma nau sem rumo”. Na avaliação de Mandetta, é “difícil coordenar um sistema [SUS] como ministro se o presidente dá outra mensagem”.
“Entre os ministros, tentávamos arrumar a situação. Mas passava um dia, três dias e novamente tínhamos uma situação contraditória [do presidente], seja de aglomeração ou ida a estabelecimentos comerciais. Ele claramente entendia que a crise econômica advinda da saúde era inaceitável, por mais que alertássemos que era uma doença muito séria e que o número de casos poderia surpreender”, revela o ex-ministro.
A insistência de Jair Bolsonaro (sem partido) na ampliação do uso da cloroquina para pacientes com quadro leve do novo coronavírus pode aumentar a ocupações de UTIs e provocar mortes em casa por arritmia. Essa é a visão de Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde. Segundo o ex-ministro, que concedeu entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, o governo já recebeu resultados de testes iniciais que indicam riscos no uso do medicamento. “Começaram a testar pelos [quadros] graves que estão nos hospitais. Do que sei dos estudos que me informaram e não concluíram, 33% dos pacientes em hospital, monitorados com eletrocardiograma contínuo, tiveram que suspender o uso da cloroquina porque deu arritmia que poderia levar a parada cardíaca”, afirma Mandetta. Para Mandetta, a exigência de Bolsonaro com a cloroquina é motivada pela vontade do presidente em reabrir a economia do país. O ex-ministro, contudo, acredita que o Brasil enfrentou apenas um terço da crise gerada pela pandemia e prevê 12 semanas “duras” pela frente. Mandetta foi demitido do Ministério da Saúde no dia 16 de abril e deu lugar a Nelson Teich, que pediu demissão no último final de semana. A avaliação de Mandetta é que a decisão de seu sucessor tenha passado pelo protocolo da cloroquina. “A ideia de dar cloroquina, na cabeça da classe política do mundo, é que, se tiver um remédio, as pessoas voltam ao trabalho. É uma coisa para tranquilizar, para fazer voltar sem tanto peso na consciência (...) Por isso não tem gente séria que defenda um medicamento agora como panaceia”. Sobre a queda de seu sucessor, Mandetta foi direto: "Para mim foi isso que fez com o que Teich falasse: 'Não vou assinar isso. Vai morrer gente e ficar na minha nota’" Com mais de 16 mil mortos e um longo caminho para percorrer ainda, o Brasil teria "perdido" os últimos 30 dias, de acordo com o ex-ministro. “Esse último mês foi perdido, sem nenhuma ação positiva por parte do ministério [da Saúde]. Tinha pedido para toda a minha equipe que permanecesse e ajudasse o ministro [Nelson Teich]. O natural numa situação dessas é o novo ministro colocar a visão dele e pedir para a equipe executar. Mas o que assistimos foi a demissão de todo o segundo e o terceiro escalão do ministério, sem colocar ninguém no lugar. isso ;e o pior dos mundos. O Ministério da Saúde está hoje uma nau sem rumo”. Na avaliação de Mandetta, é “difícil coordenar um sistema [SUS] como ministro se o presidente dá outra mensagem”. “Entre os ministros, tentávamos arrumar a situação. Mas passava um dia, três dias e novamente tínhamos uma situação contraditória [do presidente], seja de aglomeração ou ida a estabelecimentos comerciais. Ele claramente entendia que a crise econômica advinda da saúde era inaceitável, por mais que alertássemos que era uma doença muito séria e que o número de casos poderia surpreender”, revela o ex-ministro.
Fontes: Jornal Folha de S. Paulo / Yahoo Notícias / www.poptvnews.com.br