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Brasil

Máfia

"Máfia italiana' suspeita de atuar no DF e Goiás

Diálogos divulgados pela Polícia Civil do DF revelam que Máfia italiana é suspeita do tráfico de drogas e fizeram negociações de até R$ 5 milhões

Foto: Divulgação /PCDF
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Carro apreendido na operação Sborone, no DF. O veículo está avaliado em quase 400 mil reais

07 fevereiro, 2021

Brasília (DF) -  Um dia depois da operação que prendeu cinco pessoas da mesma família, suspeitas de integrar uma organização criminosa de tráfico interestadual de drogas e lavagem de dinheiro, as investigações da Polícia Civil do DF revelaram um esquema ainda maior, com uso de avião, contratação de pessoal e pagamento de frete para logística de transporte e distribuição de drogas pelo país. Foram apreendidos áudios e planilhas com contabilidade e negociações de até R$ 5 milhões. As mensagens de áudio foram apreendidas no celular de um dos suspeitos pela Delegacia Estadual de Repressão a Narcóticos (Denarc) de Goiás, em abril do ano passado. O material foi anexado ao inquérito da operação Sborone, da Polícia Civil do DF. Polícia encontra carros de luxo, imóveis e R$ 100 mil em dinheiro durante operação contra grupo que agia como 'máfia italiana' no DF
Operação investiga lavagem de dinheiro e tráfico de drogas no DF e em três estados. Em um dos áudios, o preso é apontado pela polícia como responsável pela logística da distribuição da droga conversa com o chefe da quadrilha preso nesta sexta-feira (5), identificado pela polícia apenas como "Filho". O homem pede dinheiro para operacionalizar a distribuição de entorpecente. Ele diz o seguinte:  "Montei outra equipe. Agora eu tenho um cara que conhece, agora eu conheço bem melhor. E eu tenho o cara que vai comigo e conhece. Eu tenho um cara que vai comigo em avião. Pra mim te entregar esses 500 [R$ 500 mil ] de skunk, com esse material, com esse carro, só 500 mil não dá pra mim. Eu queria ver se você conseguia pelo menos 1 milhão." De acordo com a Polícia Civil, cada membro da facção desenvolvia uma tarefa para que o negócio fosse bem sucedido. Em outro áudio apreendido, o mesmo suspeito conversa com o "Filho" sobre a logística pra o tráfico. Ele diz: "Lá não carrega sem pagar. Os freteiros não saem se não pagar 30%. Isso aí estou mais tranquilo. A minha preocupação hoje é pagar esse avião."  casa de luxo, avaliada em R$ 4 milhões, é confiscada pela PF em operação no DF contra tráfico de drogas em aviões da FAB. Militar investigado por tráfico internacional de drogas em aviões da FAB é funcionário de gabinete do vice-governador do Distrito Federeal.  Segundo as investigações, o grupo criminoso recrutou um empresário de 65 anos para emprestar o nome da empresa dele e, assim, ocultar os bens comprados com o dinheiro do tráfico de drogas. Conforme a polícia, só esta empresa movimentou R$ 110 milhões em pouco mais de um ano. Os contatos do grupo criminoso, de acordo com a investigação, incluem pessoas de fora do país. Em outra conversa, homem preso solicita uma reunião do com o "Filho".  "É o seguinte, estou com uma parceira minha, que é da Colômbia, e um parceiro de baixo, do frete. Vou amanhã. Inclusive, se você falar que vai comigo, eu deixo pra gente sentar e conversar esses trens lá em Caldas [Caldas Novas, GO].

O homem diz ainda:

"Os dois é o canal. Eu , os dois e você, se juntar as forças a gente se torna o maior do país. Cada um tem uma função muito significativa nesse corre". Segundo os investigadores, a quadrilha agia como uma "máfia italiana". Na operação, a Polícia Civil apreendeu 12 veículos – um deles avaliado em R$ 350 mil – e três imóveis foram confiscados. Ao todo, a Justiça sequestrou R$ 10 milhões em bens do grupo. Os investigadores dizem que para não levantar suspeitas, os investigadores afirmam que veículos eram entregues como forma de pagamento dos entorpecentes. Outros áudios apreendidos no ano passado e anexados ao inquérito da operação deflagrada na sexta-feira (5) revelaram negociações de até R$ 5 milhões. Além disso, há planilhas com contabilidade onde aparece saldo devedor de R$ 350 mil. "Vamos já combinando o preço desse carro. A gente vai ter que juntar 5 milhões, sabe. Tenho cliente meu que me arruma 1 milhão de reais quando chegar", diz o suspeito em áudio obtido pela polícia. A operação foi batizada de "Sborone", que em uma tradução livre faz referência a "esbanjador, gangster, extravagante, exibido". A polícia explica que o nome foi escolhido porque "Filho" costumava circular com carros de luxo. O pai, que também está preso, já havia sido detido em 1999 por tráfico internacional. "O 'Filho' cresceu na organização criminosa e adquiriu importância maior que o pai dele. É conhecido por ter passado a infância em Ceilândia (DF). As pessoas sabem quem ele é", relevou o delegado Paulo Francisco Pereira, da Coordenação de Repressão às Drogas (Cord). Em outra mensagem de áudio obtida pela polícia, o suspeito fala sobre o pai do homem conhecido como "Filho". "Como seu pai é forte na química, essa química que vai chegar vou levar e apresentar pra vocês. O que eu quero fazer. Quero ganhar pouco dessa vez, mas ganhar nome. Quero pegar o dinheiro e devolver para os caras". Em outra mensagem, ainda conforme a investigação, o grupo demonstra que pretendia crescer. "O cara falou pra mim que se eu pagar ele em uma semana ele me manda outro caminhão daquele. Aí, falar pra você papai, aí nós vai juntar dinheiro é de malote", diz o suspeito. Segundo o delegado, cinco pessoas permaneciam presas até o fim da tarde desta sábado (6). As investigações continuam para identificar outros envolvidos no esquema. Para a polícia, pode haver participação de facções criminosas de outros estados do Brasil. "A investigação é muito densa. Eles têm assessoria do crime organizado, usam documentos falsos. Um dos investigados é dono de fazenda", disse o delegado Paulo Pereira, da Cord. As investigações apontam que grupo era comandado por pai e filho. Esquema envolvia uso de avião e logística para transporte e distribuição de drogas em várias regiões do País.