O ex-presidente Lula (PT) afirmou que, caso Jair Bolsonaro (PL) perca a eleição presidencial em 2022, terá de respeitar a lei e ir “quietinho para casa” – assim como o petista fez nas ocasiões em que perder a corrida eleitoral, como em 1989, 1994 e 1998. “Ele terá que obedecer (a lei) como eu tenho que obedecer. Ele vai perder e vai quietinho para casa, vai lamber suas feridas como eu fui muitas vezes que eu perdi as eleições e deixar a gente governar esse país com tranquilidade”, declarou o petista em entrevista à agência Reuters. Ainda sobre a disputa com o atual presidente, Lula negou que o cenário seja de polarização entre os dois. “Não tem polarização entre Lula e Bolsonaro. Tem polarização entre Bolsonaro e os outros. Eu tenho quase metade dos votos do povo brasileiro, ele tem menos da metade do que eu tenho, como eu estou polarizando com ele? Não tem polarização entre mim e ele, polarização é entre ele, o Ciro, o Moro, as outras pessoas. Mas não fale em polarização comigo não que não existe”, avaliou. Lula também criticou Bolsonaro pelas mentiras contadas – segundo o petista, “cinco ou seis por dia” nas redes sociais –, além da agenda econômica de Paulo Guedes. “Não pode ter um ministro da Economia que não conhece a palavra desenvolvimento, geração de emprego, aumento de salário, crescimento econômico. É um presidente avesso, que levanta, almoça, janta e dorme pensando no que ele vai vender no dia seguinte.”O petista negou ter medo de Bolsonaro não admitir uma eventual derroa em 2022. No entanto, Lula se disse preocupado “porque ele (Bolsonaro) é muito ignorante” e apontou para o fato de que o atual presidente não “soltou uma lágrima com 620 mil mortes, um cara que não tem sentimento, um cara que não gosta de pobre, de índio, de negro, de LGBT, de sindicato...”. Segundo Lula, há chances de Bolsonaro “criar confusão”, mas as leis existem para evitar esse tipo de conflito. “Nós vamos ter uma eleição, ele (Bolsonaro) vai se submeter ao voto eletrônico, o povo vai derrotá-lo e vai tomar posse em janeiro e vai governar esse país. Se foi eu que ganhei, eu vou governar. Se for outro democrata que ganhou, eu terei muito prazer em convencer o meu partido a apoiar a volta da democracia nesse país”, disse o ex-presidente.