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Novembro de 2024
Brasil

Falcatrua

Leilão de arroz foi anulado por "falcatrua", admite Lula

Presidente contrapôs a fala do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, que não citou irregularidades como motivo para anulação

Agência Brasil
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Lula (foto) afirmou que governo financiará produção com 'garantia de preço'

22 junho, 2024

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) admitiu, nesta sexta-feira (21/6), que o  leilão para compra do arroz importado realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) foi anulado devido a uma "falcatrua numa empresa". A declaração do mandatário foi dada em entrevista à rádio Meio FM, de Teresina, no Piauí. O governo optou por importar arroz após as  enchentes no Rio Grande do Sul para evitar a alta nos preços, uma vez que o estado é o maior produtor do cereal no país. Para isso, foi realizado um leilão, que logo foi anulado após suspeitas de irregularidades, culminando na exoneração do então secretário de Política Agrícola, Neri Geller.  "Tomei a decisão de importar 1 milhão de toneladas. E, depois, tivemos anulação do leilão porque houve uma falcatrua numa empresa. Por que eu vou importar? Porque o arroz tem que chegar na mesa do povo a R$ 20 o pacote de cinco quilos. Que compre a R$ 4 um quilo de arroz, mas não dá pra ser um preço exorbitante", argumentou Lula. O presidente Lula  adiantou   que pretende investir na produção de arroz em outros estados. "Vamos inclusive financiar áreas de outros estados produtivas de arroz para não ficar dependendo apenas de uma região. Vamos oferecer um direito dos caras comprarem e a gente vai dar uma garantia de preço para que as pessoas não tenham prejuízo", completou o presidente.

Carlos Fávaro disse que anulação "faz parte"
As declarações de Lula contrapõem as do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, que evitou citar possíveis irregularidades no leilão. Na ocasião, Fávaro disse que o processo foi anulado porque "faz parte". "Anulou o processo porque faz parte, e é num ato da gestão, combater qualquer tipo de conflito de interesse. É a prevenção. É a prevenção. Não se trata de juízo de valor. [...] É muito importante dizer que a exoneração do ex-ministro Neri Geller não se trata de um ato de juízo de valor", disse Fávaro na ocasião. O ministro também afirmou que um novo leilão será realizado pelo governo, com um novo edital formulado com o auxílio da Controladoria-Geral da União (CGU) e da Advocacia-Geral da União (AGU).

Lula volta a atacar Campos Neto
Na entrevista, o mandatário voltou a fazer críticas contra o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto . Lula tem  reagido negativamente à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a taxa de juros (Selic) em 10,5% e questionado a autonomia do órgão. "O sistema financeiro brasileiro não está preocupado em fazer investimento no setor produtivo. Ele está preocupado em especular, é por isso que a taxa de juros fica 10,5% sem nenhuma explicação, sem nenhum critério", apontou o presidente. A manutenção da Selic foi decidida por unanimidade no colegiado na noite desta quarta-feira (19/6). Com isso, interrompeu-se a sequência de sete cortes consecutivos no índice, uma medida reprovada por Lula. Na quinta (20/6), o presidente expressou sua insatisfação com o funcionamento do BC. “Eu fui presidente [durante] 8 anos. O presidente da República nunca se mete nas decisões do Copom e do Banco Central. O [Henrique] Meirelles tinha autonomia comigo tanto quanto tem esse rapaz de hoje. Só que hoje o Meirelles era uma pessoa que eu tinha o poder de tirar, como o Fernando Henrique Cardoso tirou tantos, como outros presidentes tiraram tantos. Aí resolveram entender que era importante colocar alguém, que tivesse um Banco Central independente, que tivesse autonomia. Ora, autonomia de quem? Autonomia para servir quem? Autonomia para atender quem?”, afirmou Lula.