p/ Luis Alberto
Goiania (GO) - No mesmo dia em que bateu boca com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), o presidente Jair Bolsonaro perdeu hoje o apoio do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), um de seus principais aliados. O rompimento foi anunciado pelo governador em entrevista coletiva de quarta-feira (25/3), em Goiânia, na qual chamou de irresponsável e desrespeitoso o pronunciamento feito ontem pelo presidente. Caiado disse que só manterá contato com Bolsonaro por meio de comunicados oficiais, como tem feito o presidente. “Dizer que isso é um resfriadinho, uma gripezinha? Ninguém definiu melhor que Obama: na política e na vida, a ignorância não é uma virtude”, disse o governador. O líder goiano ressaltou que apoiou Bolsonaro desde a campanha eleitoral e sempre foi leal ao seu governo. Mas, agora, segundo ele, o presidente mostrou que não tem postura de governante. “Fui aliado de primeira hora, durante todo o tempo. Mas não posso admitir que venha agora um presidente lavar as mãos e responsabilizar outras pessoas por um colapso. Não faz parte da postura de governante”, afirmou. “Um estadista tem que ter a coragem de assumir as falhas. Não tem de responsabilizar as outras pessoas. Assuma a sua parcela”, completou. Médico, Caiado é um dos governadores que mais defendem o isolamento social como medida para conter o coronavírus. Ele determinou o fechamento de quase todo o comércio em Goiás. O governador foi pessoalmente às ruas para tentar impedir ato pró-Bolsonaro em meio à epidemia no último dia 15. Bolsonaro esteve várias vezes em Goiás, inaugurando obras e lançando projetos ao lado de Caiado, que era considerado o governador mais expressivo a apoiá-lo. Sem o apoio dele, o presidente fica cada vez mais isolado. O ex-deputado se elegeu com o apoio de 15 dos 27 governadores eleitos em 2018, mas hoje sua base se restrinja a pouquíssimos nomes, como Ratinho Junior (PSD-PR), Marcos Rocha (PSL-RO) e Antonio Denarium (PSL-RR). O presidente tem responsabilizado governadores por uma possível quebradeira na economia como consequência do isolamento social, recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), para conter o coronavírus. Ele chamou de “resfriadinho” e “gripezinha” a pandemia que matou mais de 16 mil pessoas em todo o mundo.
Fonte: PORTAL / Poptvnews