Brasília (DF) - Durante um intervalo no depoimento de Franciele Fantinato, o presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), aproveitou para rebater críticas feitas sobre ele pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). "Enquanto ela está lá, eu queria falar algumas coisas. O presidente da República, o presidente Jair Bolsonaro, como de costume, passou 50 minutos no cercadinho. Um cercado que ele utiliza para atacar contra a honra dos outros e, de uma forma vil, me coloca como se eu tivesse desviado R$ 160 milhões. Eu não sei onde ele viu isso", declarou Omar Aziz. Na saída do Palácio do Alvorada, Jair Bolsonaro acusou Omar Aziz de desvio de R$ 260 milhões no Amazonas e atacou também o relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL). "Como ele se informa através de compadre, de coisas pequenas, a gente releva. Presidente, eu lhe desafio a procurar um processo que eu seja réu ou denunciado. Vossa excelência já precisa procurar, o senhor já mandou seus agentes vasculhares a minha vida toda. Eu não tenho dúvida disso", continuou. Em seguida, Aziz criticou os posicionamentos de Bolsonaro contra a ciência. "Pateticamente, falas contra a ciência, que agora a doutora Francieli está confirmando para o Brasil aquilo que a gente vinha falando sempre. Nem propaganda de vacinação esse governo quis fazer." O presidente da CPI alegou que nunca chamou Jair Bolsonaro de genocida ou ladrão e nunca o acusou de fazer rachadinha no gabinete. Mas, disse que mandou uma carta a Bolsonaro pedindo esclarecimentos sobre o depoimento do deputado federal Luis Miranda (DEM-DF). "Hoje, eu, o vice-presidente e o relator estamos enviando uma pequena carta para o senhor para o senhor dizer se o deputado Luis Miranda está falando a verdade ou está mentindo. O senhor não responde. Passa 50 minutos querendo desqualificar a CPI... Mas, é só uma resposta presidente", pediu Omar Aziz. "Diga que o deputado Luis Miranda é um mentiroso, diga que seu líder na Câmara (Ricardo Barros) é um homem honesto. Vossa excelência está perdendo a oportunidade. Doze dias hoje que o presidente, diariamente, no habitat dele, no cercadinho, fala à nação de uma forma a assacar contra todo mundo." O presidente Jair Bolsonaro não se manifestou sobre o depoimento dos irmãos Miranda. Segundo o deputado, o presidente foi alertado sobre o suposto esquema da Covaxin, que teria sido articulado por Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo Bolsonaro na Câmara. Caso o presidente soubesse e, ainda assim, não tenha se manifestado ou mandado investigar, pode ser acusado de prevaricação. "Presidente, não é o senhor que vai parar essa CPI. A CPI vai se aprofundar. Não tenho uma linha para falar sobre vossa excelência de genocídio, rachadinha, mas lhe acuso de ser contra a ciência, isso tá claro. Lhe acuso de tentar desqualificar as vacinas que estão salvando vidas, porque isso é verdade" Omar Aziz pediu para que Bolsonaro pense duas vezes antes de falar aos apoiadores no cercadinho. "O senhor é o chefe de uma grande nação. Dê o exemplo."