A viúva de Marcelo Arruda, tesoureiro petista assassinado por um agente penal bolsonarista, chamou de "absurdo" a conversa por chamada de vídeo que o presidente Jair Bolsonaro (PL) teve com os irmãos da vítima. "Absurdo, eu não sabia", afirmou Pâmela Suellen Silva à coluna do jornalista Chico Alves, do portal UOL. A ligação de Bolsonaro para a família de Marcelo aconteceu esta terça-feira (12). O chefe do Executivo conversou com os irmãos de Arruda - apoiadores do governo de Bolsonaro —- e falou que a esquerda está tentando culpá-lo pelo assassinato. Além disso, convidou a família para uma coletiva de imprensa nesta quinta (14/7). Marcelo Arruda foi assassinado por Jorge José da Rocha Guaranho, policial penal federal e apoiador do presidente, no domingo (10). O crime ocorreu durante a festa de aniversário de Arruda com a temática do PT, em sua casa em Foz do Iguaçu (PR). O tema da comemoração teria sido o motivo para um simpatizante de Bolsonaro interromper o evento e atirar contra Arruda. "A possível vinda de vocês a Brasília, se concordarem, qual é a ideia? É ter uma coletiva de imprensa para falar o que aconteceu. Até para [evitar] ataques ao seu irmão. Não é a direita, a esquerda. Esse cara [que o assassinou], pelo que tudo leva a crer, é um desequilibrado", disse Bolsonaro. "Eu faria isso para vocês terem a imprensa na frente de vocês para mostrar o que aconteceu. Se bem que a imprensa dificilmente vai voltar atrás, porque grande parte da imprensa tem o seu objetivo também, que é desgastar o meu governo", completou Bolsonaro. Na gravação, é possível ouvir o mandatário dizendo que “por mais que, porventura, tenha tido uma troca de palavras grosseiras [antes do crime], não justifica o cara [seu apoiador] voltar armado e fazer o que fez”. A ligação por vídeo foi feita pelo deputado bolsonarista Otoni de Paula (MDB-RJ), que esteve na casa de um dos irmãos de Arruda, com o aval de Bolsonaro, para intermediar a conversa. Otoni disse que Bolsonaro conversou com dois irmãos do petista assassinado: José e Luiz de Arruda. Também aparece na chamada, segundo o deputado, a esposa de um dos irmãos. Os irmãos de Arruda não falaram se vão aceitar o convite, mas afirmaram a Bolsonaro que não querem que o caso seja explorado politicamente. "Foi feito um contato. A gente não deu um retorno definitivo se a gente vai ou não. A gente está conversando com os filhos do Marcelo, esposas, sobrinhos, a gente vai conversar para ver o que a gente vai decidir." Segundo ele, a família ainda não avaliou o tom da conversa. "A gente falou algumas coisas, o presidente não se posicionou ainda, então a gente não tem como ter uma avaliação definitiva."
Entenda o caso
O guarda municipal Marcelo Arruda comemorava o aniversário de 50 anos com uma festa temática do PT quando o bolsonarista Jorge José da Rocha Guaranho invadiu a festa e abriu fogo contra Arruda. Guaranho foi baleado e encaminhado para o hospital. Segundo Marcos Antonio Jahnke, secretário de Segurança Pública de Foz do Iguaçu, a Polícia Civil ainda investiga os motivos por trás do crime, mas adiantou que a investigação trabalha com a hipótese de intolerância política. De acordo com o boletim de ocorrência, registrado na 6.ª Subdivisão Policial de Foz do Iguaçu, Guaranho gritou ao chegar ao local: “Aqui é Bolsonaro!”. A Polícia Civil do Paraná informou que Jorge José da Rocha Guaranho respira com auxílio de ventilação mecânica e está em estado estável, e que não há previsão de alta da UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Dalvalice Rosa, mãe do assassino, disse que Guaranho foi baleado no rosto, nas duas pernas e sofreu um edema na cabeça causado por chutes de ao menos dois homens.