Segunda-feira, 25 de
Novembro de 2024
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Oposição

Com avanço de Lira, Maia tenta manter esquerda ao seu lado na Câmara

Cobiçada por Lira e Maia, a oposição soma cerca de 130 deputados, decisivos na eleição

Foto: Pedro Ladeira/Folhapress
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Rodrigo Maia articula para enfrentar, Jairo Bolsonaro

17 dezembro, 2020

Brasília (DF) -  Para barrar o flerte entre o deputado Arthur Lira (PP-AL) e a oposição, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reuniu os partidos de esquerda na terça-feira (15/12) com o objetivo de evitar dissidências que possam fortalecer a candidatura do nome apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Maia convidou para uma conversa na residência oficial da presidência da Câmara líderes e dirigentes de PT, PSB, PDT e PC do B. Também estiveram presentes os dois nomes apoiados por Maia: Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), líder da Maioria, e Baleia Rossi (SP), presidente do MDB. A reunião ocorreu após um encontro entre partidos de oposição na qual, apesar de não ter sido batido o martelo sobre apoio definitivo a quem for indicado por Maia, ficou decidido que a esquerda vai se esforçar para aderir ao mesmo bloco e respaldar a mesma candidatura. Alguns partidos já rechaçaram oficialmente a possibilidade de apoiar Lira ou outro nome apoiado por Bolsonaro. É o caso do PSB, cujo diretório nacional emitiu, na sexta-feira (11/12), uma resolução orientando a bancada a não votar no líder do centrão ou em qualquer outro candidato que tenha o aval do Palácio do Planalto. No entanto, há integrantes da sigla que querem apoiar Lira. Nesta terça, ao deixar o encontro na residência oficial da Câmara, o presidente do PSB, Carlos Siqueira, defendeu a união dos partidos de esquerda e centro-esquerda com o bloco de Maia para encontrar um nome de consenso que consiga "derrotar o candidato oficial do presidente Jair Bolsonaro". "O nome é o que melhor unir, eu disse a ele [a Maia]", afirmou Siqueira. "Eu não tenho preferência pessoal porque não se trata de pessoas, se trata de uma posição política." Siqueira afirmou ainda estar tentando convencer integrantes do partido que já sinalizaram apoio a Lira a seguir a orientação do partido e votar no candidato de Maia. "Evidentemente, como o voto é secreto, a gente não pode controlar o voto de ninguém. Mas o PSB vai para o bloco em que estiverem os partidos de esquerda e centro-esquerda e vai votar no candidato que seja contra o candidato oficial do Palácio do Planalto." O ex-ministro Ciro Gomes (PDT), candidato à Presidência da República em 2018, também afirmou que a intenção da esquerda é construir uma alternativa para barrar o nome de Bolsonaro. "O que nós podemos fazer, minoria que somos, é exponencializar nossa força pelo diálogo político com outras forças que tenham conosco pontos de afinidade", afirmou. O PDT, disse Ciro, deve se esforçar para conter "os danos nessa agenda antipovo, antinacional e antiliberdades democráticas que representam o governo Bolsonaro". Na avaliação do dirigente, criou-se "uma espécie de clima de já ganhou da candidatura mais vinculada ao Bolsonaro" que "desestabilizou um pouco psicologicamente" os partidos alinhados a Maia. "Nós precisamos restaurar essa psicologia para mostrar o que é evidente, que o jogo ainda está sendo jogado. Ele não está definido. E o gesto que nós formos capaz de produzir aqui vai reequilibrar esse jogo, com certeza", ressaltou. PT e PC do B também sinalizaram intenção de apoiar o candidato de Maia. Apesar do discurso de união, há pelo menos um partido com a intenção de lançar nome próprio no primeiro turno da disputa. O PSOL insiste na candidatura de oposição por divergir da agenda econômica de Maia, embora não descarte compor um bloco e ter independência na candidatura nessa etapa inicial da corrida pela sucessão. Nos bastidores, integrantes da esquerda criticam a postura do PSOL e avaliam que não vale a pena ter uma votação inexpressiva apenas para marcar posição em vez de compor um bloco que possa efetivamente derrotar o candidato de Bolsonaro. Nesta  terça, Maia concedeu uma entrevista coletiva e contemporizou a decisão da sigla de lançar candidatura independente. "Naturalmente, o histórico do PSOL faz com que eles trabalhem com nome próprio", disse. Depois de vários adiamentos, a definição do nome apoiado por Maia deve sair até na quinta-feira (17/12). O deputado minimizou a demora. "A eleição é em fevereiro", afirmou ele. "Não acho ruim o presidente da República estar falando sozinho neste momento sobre a Câmara dos Deputados." Maia disse não ter pressa em fechar um nome e afirmou que isso pode ajudar a atrair mais partidos e apoio em torno de seu bloco. "As decisões, quando são coletivas, quando não são a imposição de ninguém, quando são a construção de uma agenda mínima, que garanta a independência da Câmara, às vezes atrasam o nome", declarou. "Estou confiante de que a Câmara no dia 2 de fevereiro continua independente, livre de qualquer instituição e de uma agenda atrasada, retrógrada e que não vai levar o Brasil a lugar nenhum." Na oposição, a avaliação também é de que a demora pode fortalecer a candidatura do escolhido, em vez de prejudicar. Segundo líderes partidários, com um nome pactuado entre os partidos não haveria risco tão grande de cisão no bloco de apoio de Maia. Um novo encontro entre líderes e dirigentes de partidos de esquerda está previsto para esta quarta-feira (16/12). Entre Aguinaldo Ribeiro e Baleira Rossi, há uma tendência maior em apoiar Ribeiro. Ele, por sua vez, é do PP, mesmo partido de Lira, e portanto não tem respaldo da sigla para se candidatar. O bloco de Maia é formado por seis partidos (PSL, MDB, PSDB, DEM, Cidadania e PV), que reúnem 159 deputados. No entanto, calcula-se que apenas metade da bancada do PSL esteja alinhada a esse grupo. O restante, aliados de Bolsonaro, deve apoiar Lira. Além do PP, a campanha de Lira afirma ter votos de PL, PSD, Solidariedade, Avante, PSC, PTB, PROS e Patriota. Juntos, esses partidos somam 170 deputados. Mas também contam com dissidentes da oposição e do PSL. Cobiçada por Lira e Maia, a oposição soma cerca de 130 deputados, decisivos na eleição. O voto é secreto. Por isso, a adesão de partidos a blocos não significa a garantia de votos. São necessários 257 do total de 513 para eleger, em fevereiro, quem comandará os deputados pelos próximos dois anos.