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Palmas (TO) - No Brasil, sete em cada 10 pessoas assassinadas são negras, segundo a Nações Unidas Brasil. Desde a última semana, com a morte de um homem negro, chamado George Floyd, de 46 anos, nos Estados Unidos, o mundo despertou para uma onda de protestos nas ruas em prol das tantas vidas de pessoas negras perdidas. No Tocantins, mais de 70% da população se considera parda ou negra segundo dados do Instituto de Geografia e Estatística (IBGE) e há mais de 40 quilombos certificados e, diante dessa realidade, a Secretaria de Estado da Cidadania e Justiça (Seciju), através da Diretoria de Direitos Humanos, promove ações de combate à discriminação racial e destaca a necessidade de denunciar casos de preconceito. “O preconceito leva uma pessoa a agredir a outra, verbal e fisicamente, só pela cor da pele e isso acaba levando a morte. É uma questão enraizada na cultura da sociedade e infelizmente aqui, onde mesmo com a população predominantemente negra, ainda vemos situações de racismo”, explica a gerente de Diversidade e Inclusão Social da Seciju, Nayara Brandão. Para combater a discriminação racial, a diretora de Direitos Humanos da Seciju, Sabrina Ribeiro, destaca que a secretaria desenvolve campanhas de conscientização pela igualdade racial. “Antes da pandemia, estávamos levando esse tema para as escolas, a fim de conversar com as crianças e jovens e mudar o futuro, e continuamos fazendo campanhas. As pessoas precisam primeiro entender o que é o preconceito racial, saber que estão sendo preconceituosas e parar com isso e, no mesmo passo, as pessoas negras precisam denunciar, uma vez que racismo é crime. Tudo isso contribui para mudar a cultura social e chegar à igualdade que almejamos”, complementa, lembrando que a Lei Caó (Lei 7.716/89) o racismo se tornou crime inafiançável e imprescritível com pena de até cinco anos.
Campanha #VidasNegrasImportam
“Eu sonho com um mundo em que não precisaremos mais gritar aos ventos que vidas negras importam. Esse movimento é uma onda de indignação contra o racismo estrutural e a cultura da violência praticada pelos policiais contra os afrodescendentes, porque é necessário que a sociedade desnaturalize esse extermínio dos corpos negros, principalmente, em nosso país. Somos o povo que morre diariamente pelos mais diversos "motivos". A campanha surgiu porque é preciso dar um basta a essa política que tira vidas”, enfatiza a ativista do movimento negro pelo Coletivo Mulheres Negras Ajunta Preta e assistente social, Jessica Rosanne, 31 anos. Para ela, a participação popular é fundamental para que a realidade mude, a discriminação racial seja extinta e igualdade entre todos predomine. “Todos nós somos responsáveis para contribuir com um mundo sem racismo e preconceito. Nós, do movimento negro, estamos desde sempre denunciando o genocídio do povo preto, estamos apontando saídas para termos uma sociedade mais justa e igualitária”, comenta. A ativista do mesmo coletivo e do Movimento Negro Unificado e mestre em Comunicação e Sociedade, Janaína Costa, de 37 anos, destaca que o movimento negro atua nessa bandeira há muito tempo e, com o auxílio da campanha internacional, o movimento no Brasil pode reverberar essas pautas. “Para o movimento negro a luta contra o genocídio é uma bandeira permanente porque o racismo é estrutural não só no Brasil, mas aqui tem proporções gigantescas. A violência policial nos atinge mais fortemente tanto nas abordagens, em que os jovens negros são principais suspeitos, como na realidade das unidades socioeducativas e prisionais, onde somos maioria. Significa dizer que vivemos em condições de desigualdade que nos leva a uma realidade de medo e morte”, finaliza.
Movimento contra o racismo
O movimento antirracista começou nos Estados Unidos devido a indignação pela morte de George Floyd durante uma operação policial, mas chegou ao Brasil ecoando sobre os assassinatos de tantos jovens negros, muitos ainda crianças ou adolescentes, assassinados durante operações policiais. A realidade mais vista no Rio de Janeiro, também faz parte do cenário de muitos estados e atenta para a necessidade de combater o racismo estrutural, entendido como um conjunto de costumes enraizados na sociedade que promove, direta ou indiretamente, a segregação ou o preconceito racial, ainda existente no País. O movimento convoca todos a lutar por um mundo sem preconceito e pela igualdade racial. Para denunciar qualquer ação de preconceito ou discriminação racial, procure a delegacia mais próxima ou Disque 100, a ligação é gratuita e funciona 24 horas por dia e em todos os dias da semana.
Fontes: Assessoria de Comunicação da Secretaria da Cidadania e Justiça do governo do Tocantins / www.poptvnews.com.br