Mato Grosso - O cacique caiapó Raoni Metuktire protocolou uma ação contra o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, no Tribunal Penal Internacional, noticiou a edição dominical antecipada do jornal francês "Le Monde". Segundo a publicação, Raoni, de 90 anos, foi representado pelo advogado francês William Bourdon na sede do tribunal em Haia (Holanda), onde o documento chegou sexta-feira. O texto acusa Bolsonaro de crimes contra a humanidade que incluem "morte, extermínio, migração forçada, escravização e perseguição contra indígenas". O cacique Almir Suruí, do povo Paiter Suruí, é co-signatário do documento, que está agora na mesa da procuradora Fatou Bensouda para análise. Em entrevista ao jornal desde sua aldeia em Mato Grosso, Raoni diz que "não gosta de conflitos" e "não gosta de problemas entre chefes", mas que "o problema é que Bolsonaro ataca demais os indígenas." O documento protocolado em Haia cita também alguns ministros de Bolsonaro - Ricardo Salles (Ambiente), Tereza Cristina (Agricultura) e Sérgio Moro (ex-titular da Justiça) e Paulo Guedes (Economia) - por violações a direitos dos povos indígenas relacionados a invasões e não reconhecimento de terras indígenas, afirma o "Le Monde". "O projeto político de Jair Bolsonaro é reduzir a área das terras indígenas para expandir a área disponível para exploração agro-industrial", afirma o documento. Embasado em relatos com auxílios de ONGs ambientais e direitos humanos, o a denúncia também lista o impacto desigual que a Covid-19 teve sobre os povos indígenas no Brasil, segundo o advogado, por omissão de órgãos competentes. Raoni afirmou ao Le Monde que, desde que assumiu a liderança dos caiapós, teve oportunidade de diálogo com todos os presidentes do Brasil em algum momento. Só Michel Temer e Bolsonaro não responderam a pedidos de diálogo. Para o cacique, Bolsonaro incita preconceito contra indígenas. "Bolsonaro sempre incitou violência contra nós. Eu não posso aceitar a maneira com que ele nos retrata", disse Raoni ao jornal francês, que estampou uma foto do cacique em sua primeira página desta sexta-feira (16/4).
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