Brasília (DF) - Depois da notícia de que o Ministério da Defesa gastou mais de R$ 632 milhões com alimentação em 2020, com gastos que incluíam chiclete, vinhos e leite condensado, novo levantamento mostrou que as Forças Armadas compraram cerca de 80 mil unidades de cerveja e mais de 700 mil quilos de picanha. Foi constatado ainda por deputados federais do PSB, junto ao orçamento federal, o superfaturamento desses produtos em mais de 60%. No documento entregue pelos parlamentares à Procuradoria-Geral da República (PGR), eles afirmam que as compras revelam o “uso de recursos com ostentação e superfaturamento” e a “falta de zelo e responsabilidade com o dinheiro público” por parte das Forças Armadas. Segundo o levantamento, foram compradas 500 garrafas de cerveja Stella Artois, no valor de R$ 9,05; três mil garrafas de Heineken, por R$ 9,80; e 3.050 garrafas de Eisenbahn pelo preço unitário de R$ 5,99. “Essas bebidas especiais são mais caras e elitizadas, estando distantes dos cidadãos mais pobres”, citam os deputados no texto da denúncia. No documento, os parlamentares apontam também o superfaturamento das bebidas. As Forças Armadas teriam adquirido 1.008 latas de Bohemia Puro Malte de 350 ml pelo preço unitário de R$ 4,33. Em levantamento feito nos supermercados a mesma cerveja foi encontrada pelo preço de R$ 2,59, o que caracterizaria um sobrepreço de 67%. Já as garrafas da mesma bebida de 600 ml foram compradas pelo governo federal por R$ 7,29, enquanto na pesquisa de mercado o produto foi encontrado por R$ 5,79. Além disso, os deputados destacaram que a picanha foi comprada por R$ 118,25 o quilo. “Não é possível conceber que agentes públicos possam estar se deleitando com banquetes e bebidas alcoólicas às custas dos cofres públicos”, diz a denúncia encaminhada à PGR. "A associação de 700 mil quilogramas de picanha e 80 mil itens de cerveja em compras públicas não parece ser um exemplo de gestão alinhada ao Princípio da Moralidade Pública. As quantidades citadas, entretanto, demonstram a falta de bom senso, ética, respeito e parcimônia na execução orçamentária. Para nós, trata-se de um comportamento ilegal e imoral por parte desses gestores, especialmente em um ano de pandemia e crise econômica", afirmam os parlamentares.