Brasília( DF) - O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a manifestar-se contra o lockdown adotado em algumas cidades e estados como política de combate à Covid-19. Em rápido encontro com seus apoiadores, ele chegou a insinuar que a medida teria sido adotada em todo o Brasil “se o PT estivesse em meu lugar”. Durante cerca de cinco minutos, Bolsonaro ouviu de seus seguidores reclamações sobre o fechamento de serviços não essenciais em suas cidades. Com pressa, limitou-se a dizer que “está chegando ao fim esse sofrimento”. Após um dos presentes acusar o PT de “roubo”, porém, o presidente foi um pouco mais prolixo. “O que esse pessoal não roubou no Brasil? Só faltou roubar a liberdade de vocês. E se está o PT no meu lugar aqui, já tinha roubado”, afirmou.
Críticas seguidas ao lockdown
Se voltou atrás em relação à importância da vacina, Bolsonaro segue criticando abertamente as políticas de enrijecimento do isolamento social, sempre com a justificativa de que elas podem levar o país a um colapso na economia. Recentemente, o presidente tentou impedir a realização de lockdown no Distrito Federal, na Bahia e no Rio Grande do Sul, com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) exigindo que decisões sobre o fechamento de serviços passassem sempre pelo Legislativo. Mas teve o decreto vetado. Ele também já comparou a imposição do lockdown a um estado de sítio, prometeu ações duras contra tais medidas e chegou a dizer que o confinamento é característico de “governadores de esquerda”. Mais recentemente, na última quinta-feira, o presidente distorceu uma declaração da chanceler da Alemanha, Angela Merkel, na tentativa de reforçar seus argumentos contra o lockdown. Enquanto Bolsonaro luta contra medidas de combate à Covid-19, o vírus segue em escalada no Brasil. Na última quinta-feira, foram 2.787 novas mortes e 100.736 casos da doença. Com isso, o total de mortos chegou a 303.462 e o de casos a 12.320.169, de acordo com o painel atualizado pelo Conass (Conselho Nacional dos Secretários de Saúde), um sistema próprio de informações que reúne dados de contaminados e de óbitos em contagem paralela à do governo.