Sorocaba (SP) -O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) gritou com uma repórter em Sorocaba, no interior de São Paulo, nesta sexta-feira (25/6), durante o evento de inauguração do Centro de Excelência em Tecnologia 4.0, localizado no Parque Tecnológico da cidade. A repórter da CNN Brasil questionou Bolsonaro sobre o atraso da compra de vacinas contra a Covid-19 e sobre o escândalo dos contratos do imunizante indiano Covaxin. "Em fevereiro? Onde é que tem vacina para atender todo o mercado aqui e em todo o lugar do mundo? Responda", gritou Bolsonaro em mais um ataque à imprensa. Em seguida, o presidente, ainda visivelmente alterado, continuou gritando com a jornalista. Ele disse que a imprensa faz "perguntas idiotas" e "ridículas". "Para de fazer pergunta idiota, pelo amor de deus. Então, seguinte, vamos fazer pergunta inteligente, pessoal", continuou Bolsonaro. Ainda exaltado, Bolsonaro afirmou que nunca houve corrupção registrada em seu governo, segundo ele. No evento, o presidente da República acompanha o lançamento do Centro e irá premiar alunos vencedores da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica e da Mostra Brasileira de Foguetes. Nesta semana, o presidente também se irritou com uma jornalista mulher, desta vez da Globo, e a mandou calar a boca ao ser questionado sobre não utilizar máscara durante um evento em Guaratinguetá, no interior de São Paulo. Na madrugada de quinta-feira (24/6), o deputado Luís Miranda (DEM-DF) disse ter alertado Bolsonaro sobre um possível caso de corrupção envolvendo a compra de vacinas Covaxin. Segundo o irmão do parlamentar que trabalha no Ministério da Saúde, Luís Ricardo Miranda, ele estaria sendo pressionado para aprovar com mais rapidez o uso do imunizante no Brasil. “Presidente Jair Bolsonaro, você fala tanto em Deus e permite que eu e meu irmão, sejamos atacados por tentarmos ajudar o seu governo, denunciando para o Senhor indícios de corrupção em um contrato do Ministério da Saúde! Sempre te defendi e essa é a recompensa?”, escreveu o deputado no Twitter.
MPF identifica indícios de crime na compra da Covaxin
O Ministério Público Federal (MPF) está investigando os contratos entre a empresa Bharat Biotech, responsável pela vacina indiana Covaxin, e o Ministério da Saúde. Nesta semana, o órgão pediu que o caso seja investigado na esfera criminal. Até então, as investigações eram apuradas como parte de um inquérito que tramitava na esfera cível. De acordo com a procurada da República que conduzia as investigações na esfera cívil, Luciana Loureiro, a "omissão de atitudes corretiva" e o elevado preço pago pelo governo pelas doses da vacina fazem com que o caso seja investigado na esfera criminal. Na terça-feira (22/6), reportagem do jornal O Estado de S. Paulo revelou que o governo Bolsonaro comprou a vacina Covaxin, produzida pela farmacêutica indiana Bharat Biotech, por um valor 1.000% maior do que o estimado pela própria empresa seis meses antes.