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Novembro de 2024
Brasil

Trocas de mensagens

Bolsonaro exibe celular e mostra troca de mensagens idêntica à apresentada por Moro sobre PF

Presidente apontou troca de mensagens do dia 22 a fim de contestar versão de ex-ministro sobre troca no comando da PF. Mas teor é semelhante ao do diálogo do dia 23, revelado por Moro

Foto: Divulgação
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Segundo Bolsonaro, a exibição das mensagens, comprovaria a mudança de versão de Moro

06 maio, 2020

Brasília (DF) - O presidente Jair Bolsonaro exibiu na terça-feira (5/5) à imprensa o celular dele e mostrou uma troca de mensagens com o ex-ministro Sergio Moro. O objetivo era contestar versão apresentada por Moro, segundo a qual Bolsonaro tentou interferir politicamente na Polícia Federal. Mas o teor da troca de mensagens exibida pelo presidente é idêntico ao da já revelada por Sergio Moro. Na conversa, os dois falam sobre uma eventual mudança no comando da Polícia Federal. Em 24 de abril, quando pediu demissão, Moro apresentou ao Jornal Nacional uma troca de mensagens do dia anterior (23), na qual Bolsonaro enviou a ele um link de uma reportagem do site O Antagonista. A reportagem dizia que a PF estaria "na cola" de deputados aliados do governo. Na mensagem seguinte, Bolsonaro disse a Moro: "Mais um motivo para a troca", em referência ao então diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, demitido pelo presidente. Na terça, Bolsonaro exibiu no celular dele troca de mensagens de um dia antes (22/4) com o ex-ministro. Para Bolsonaro, a comparação das mensagens de um dia e de outro mostrariam uma mudança de posição de Moro em relação à acusação de que o presidente tentou interferir politicamente na PF. "Isso daqui foi o que foi mostrado nas televisões: 'PF na cola de 10 a 12 deputados bolsonaristas'. O link é do O Antagonista, tá ok? Embaixo, eu escrevi pra ele: 'Mais um motivo para troca'. Isso foi uma prova de quê? Interferência minha na Polícia Federal, segundo o senhor Sergio Moro. Isso é do dia 23 do mês passado. No dia anterior, o mesmo link. Em verde, eu mandei para ele. Em branco, ele me mandou. Ele começa: 'Isso é fofoca'. O Moro diz que isso é fofoca porque ele tem informação privilegiada. Se isso é fofoca, ele diz que o inquérito que existe no Supremo não tem nome de deputado federal nem do Carlos Bolsonaro", disse Bolsonaro enquanto exibia as mensagens. Segundo Bolsonaro, o que comprovaria a mudança de versão de Moro é a frase "Isso é fofoca", escrita pelo então ministro no dia 22, a única mencionada pelo presidente. Mas a TV Globo conseguiu filmar o restante da mensagem, isto é, a resposta completa de Moro sobre a notícia de que a PF estaria "na cola" de deputados aliados do governo. A resposta completa foi: "Isso é fofoca. Tem um DPf [delegado de Polícia Federal] atuando por requisição no inquérito das fake news e que foi requisitado pelo ministro Alexandre", disse Moro, em referência a Alexandre de Moraes, ministro do STF. Moro segue na resposta: "Não tem como negar atendimento a requisição do STF". Na troca de mensagens do dia seguinte, 23 de abril, Bolsonaro insiste no assunto, enviando novamente o link do site O Antagonista e escreve: "Mais um motivo para a troca". Moro, então, responde que a responsabilidade do inquérito é do ministro Alexandre de Moraes. "Este inquérito é conduzido pelo ministro Alexandre no STF. Diligências por ele determinadas. Quebras por ele determinadas. Buscas por ele determinadas".

O que diz o ex-ministro

Em nota, Sergio Moro afirmou que , nas duas ocasiões, "ciente da intenção do presidente de substituir o diretor-geral da PF", buscou "minimizar o fato", afirmando a Bolsonaro que quem conduzia o inquérito era o ministro Alexandre de Moraes e que a PF só cumpria ordens. Moro também disse que a palavra "fofoca" utilizada na resposta à primeira mensagem tinha o sentido de dizer que a PF "nada fazia além de seu trabalho regular". Moro prosseguiu afirmando que, em relação à segunda mensagem do presidente, não conseguiu responder à afirmação dele de que a existência deste inquérito seria "mais um motivo para troca" na PF. Moro afirmou ainda entender que cabe ao presidente da República explicar como o inquérito se relacionaria com a substituição do diretor-geral da Polícia Federal.

Fontes: Por G1 e Jornal Nacional (Globo) / www.poptvnews.com.br