Brasília (DF) - O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira que há preocupação, nos bastidores do Congresso Nacional, que a aprovação da PEC dos Precatórios e a consequente abertura de espaço fiscal para o Auxílio Brasil o ajude em sua reeleição, e considerou o viés eleitoral uma "maldade enorme" com a população. O presidente sancionou na quinta-feira duas leis que viabilizam a criação e pagamento do Auxílio Brasil, programa que substitui o Bolsa Família. O projeto do Auxílio Brasil remaneja R$ 9,3 bilhões do orçamento do Bolsa Família para o Auxílio Brasi Em sua tradicional transmissão ao vivo por redes sociais às quintas, Bolsonaro agradeceu os deputados que votaram a favor da Proposta de Emenda à Constituição (PEC), com menção especial ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e afirmou que esta foi a solução encontrada pelo governo para socorrer 17 milhões de famílias de baixa renda. "O que a gente ouve nos bastidores lá no Congresso? 'Ah, isso vai eleger o Bolsonaro'. Ah, a preocupação de vocês é a política? Não é o povo? Não é o pobre? Você acha que o pobre aguenta ficar um ano recebendo 192 reais até vocês chegarem no governo, se vocês ganharem as eleições, obviamente?", questionou o presidente, fazendo referência ao valor médio atual do Bolsa Família.
Como vai funcionar o Auxílio Brasil
O Auxílio Brasil, novo programa social do governo, pretende pagar 400 reais em média a famílias quando somado a benefícios de duração temporária, até dezembro de 2022, ano em que Bolsonaro tentará a reeleição. A PEC dos Precatórios, que altera a regra de pagamento dessas dívidas judiciais, é fundamental para abrir espaço fiscal para a viabilização do novo programa social. "Querem que a gente dê meios para 17 milhões de famílias sobreviverem, e quando a gente apresenta uma solução, com toda a responsabilidade, não furando o teto, etc, eles votam contra", criticou Bolsonaro.
Bolsonaro culpa isolamento pela crise econômica
O presidente aproveitou para dizer que lamenta os registros de pessoas em filas em busca de ossos de animais, na impossibilidade de comprar carne, mas creditou a situação à adoção, por parte de governadores e prefeitos, de políticas de isolamento físico e social em decorrência da pandemia de Covid-19. "Pessoal mostra aí o caminhão de osso, com algumas pessoas pegando osso e 'olha, o governo Bolsonaro, o povo está atrás de osso'. Eu lamento, realmente, pessoas atrás de osso, lamento muito isso daí. É consequência daquela política dos governadores do PT, do PSB, fechar o Estado, fechar os municípios, desempregou muita gente, e o preço da economia cobra depois", afirmou. Já aprovada em dois turnos pela Câmara dos Deputados, a proposta tem votação prevista para a semana dos dia 23 e 24 deste mês no plenário do Senado, onde também precisará passar por duas rodadas de deliberação. Antes disso, precisará ser analisada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. Aprovada com placares relativamente apertados na Câmara, a PEC enfrenta resistências do Senado. O relator da proposta na Casa, o líder do governo, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), aposta nos "esclarecimentos" para angariar apoio à proposta — no Senado, por se tratar de PEC, ela precisa de ao menos 49 votos. Embora aponte boas chances de manutenção do texto da Câmara, Bezerra não descarta eventuais "aprimoramentos" na matéria.