Quinta-feira, 14 de
Novembro de 2024
Brasil

Cartão de visita para 2022

Bolsonaro diz que Eduardo Leite está 'se achando o máximo' ao se declarar gay: "Cartão de visita para 2022"

Embora Bolsonaro tenha dito que "ninguém tem nada contra a vida particular de ninguém", ele próprio já foi homofóbicos em diversas oportunidades

Foto: AP Photo/Eraldo Peres
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No vídeo, interação com seus apoiadores, o presidente ainda disse que não tem nada contra a vida particular de ninguém

02 julho, 2021

Brasília (DF) - O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou, na sexta-feira (2/7), que o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), busca um "cartão de visita" para sua candidatura em 2022 e que está "se achando o máximo" por ter declarado publicamente que é gay.  "O cara ontem está achando que é o máximo, se achando o máximo. 'Olha', bateu no peito, 'eu assumi'. É o cartão de visita para a candidatura dele", afirmou o presidente em um vídeo publicado por um canal bolsonarista. A informação foi divulgada inicialmente pela Folha de S. Paulo. No vídeo da interação com seus apoiadores, o presidente ainda disse que não tem nada contra a vida particular de ninguém. "Ninguém tem nada contra a vida particular de ninguém, agora, querer impor seu costume, seu comportamento para os outros, não". Leite se assumiu homossexual em entrevista à TV Globo, na noite de quinta-feira (1º), dizendo que é um "governador gay e não um gay governador". "Eu sou gay. E sou um governador gay, e não um gay governador, tanto quanto Obama nos Estados Unidos não foi um negro presidente, foi um presidente negro. E tenho orgulho disso.", declarou o político. O governador do Rio Grande do Sul também já sinalizou que está disposto a disputar as eleições presidenciais em 2022. Em fevereiro deste ano, em um almoço com parlamentares e dirigentes tucanos, ele reforçou a necessidade de haver diálogo político para que reformas sejam aprovadas. Após a repercussão da fala de Bolsonaro, o PSBD, partido de Leite, se manifestou nas redes sociais dizendo que o governador não "impôs nada a ninguém".  "Ao contrário do que insinua o presidente, o governador Eduardo Leite não impôs nada a ninguém, apenas registrou um fato que segundo ele próprio, em um mundo ideal, deveria ser uma não-questão". 

Bolsonaro e episódios homofóbicos 
Embora Bolsonaro tenha dito que "ninguém tem nada contra a vida particular de ninguém", ele próprio já foi homofóbicos em diversas oportunidades. Quando deputado, em 2011, Bolsonaro disse que "seria incapaz de amar um filho homossexual". "Não vou dar uma de hipócrita aqui. Prefiro que um filho meu morra num acidente do que apareça com um bigodudo por aí", declarou ao programa CQC, da TV Bandeirantes. Bolsonaro chegou a ser processado porque disse, na mesma entrevista, que nunca passou pela sua cabeça ter um filho gay porque seus filhos tiveram uma "boa educação", com um pai presente.  Ele também afirmou que que não participaria de um desfile gay porque não promoveria "maus costumes" e porque acredita em Deus e na preservação da família.

"Você tem cara de homossexual terrível"
Em 2019, o presidente Bolsonaro reagiu com agressividade ao ser questionado pela imprensa sobre as suspeitas de "rachadinhas" em torno do gabinete de seu filho Flávio Bolsonaro quando esse era deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio. Ao ser questionado por um repórter sobre os desdobramentos da investigação do Ministério Público do Rio sobre Flávio, Bolsonaro respondeu: "Você tem uma cara de homossexual terrível, nem por isso eu te acuso de ser homossexual. Se bem que não é crime ser homossexual".

Uma "contribuição para as pessoas gays"
Para o governador do Rio Grande do Sul, o fato de ter se assumido publicamente como um homem cisgênero homossexual é, de alguma forma, uma "contribuição para as pessoas que são gays", segundo declarou em entrevista à TV Globo. "Acho que posso, de alguma forma, humildemente dar uma contribuição para as pessoas que são gays, lésbicas, bis e trans ou a diversidade da nossa população... dar algum tipo de exemplo, ajudar a liderar na direção correta em que haja mais reconhecimento pelas pessoas, pelas suas capacidades, e que não seja mais a orientação sexual um tema, uma questão, que seja uma não questão. Eu tenho confiança que a gente chegará lá".