Brasília (DF) - O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) vetou R$ 200 milhões que seriam usados no desenvolvimento da vacina "100% brasileira" contra o coronavírus, anunciada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. O corte veio um dia após o ministro Marcos Pontes ter participado da live do presidente, na quinta-feira (22/4), para falar sobre o imunizante. "Marcão, vamos lá. Como é que 'tá' a nossa vacina brasileira? Essa é 100% brasileira, não é aquela 'mandrake' de São Paulo não, né?", perguntou Bolsonaro a Pontes durante transmissão na internet, em referência à Butanvac, apresentada pelo Butantan e pelo governador João Doria (PSDB) como sendo 100% nacional, mas desenvolvida por pesquisadores de instituição americana. O titular da pasta já demonstrava preocupação com a manutenção dos recursos no Orçamento. Estavam reservados R$ 207,2 milhões para o projeto dos quais R$ 200 milhões haviam sido injetados por meio de emenda do relator, senador Marcio Bittar (MDB-AC). "O nosso desafio aqui é justamente o Orçamento. Esse custo é um investimento muito bom para o País. São R$ 30 milhões para essa fase 1 e 2, um ensaio clínico com 360 pacientes, e depois são mais R$ 310 milhões com a fase 3, com 25 mil pacientes. Tenho a esperança agora que isso entre no Orçamento", disse o ministro. As fases 1, 2 e 3 envolvem testes em humanos, para avaliar a segurança e a eficácia do produto contra o vírus. Logo após esse apelo de Pontes, o presidente falou brevemente sobre o Orçamento e, sem antecipar que o investimento na vacina seria vetado, avisou que "todo mundo" iria pagar a conta. "A peça orçamentária para os 23 ministérios é bastante pequena e é reduzida ano após ano. Tivemos um problema no Orçamento no corrente ano, então tem um corte previsto bastante grande no meu entender, pelo tamanho do orçamento, para todos os ministérios. Todo mundo vai pagar um pouco a conta disso aí", disse Bolsonaro na live. Em março, o Palácio do Planalto fez questão de divulgar que a vacina brasileira apoiada pelo governo federal, desenvolvida por cientistas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP), estava avançando. O anúncio foi feito horas depois de o governo de São Paulo informar que pediria aval para iniciar testes clínicos da Butanvac, desenvolvida pelo Instituto Butantan, ligado ao governo paulista.