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Novembro de 2024
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Convocação

Bolsonaro convocar aliados para atos contra o STF

"Não abrimos mão da nossa liberdade", disse o presidente, que completou. "Não será dia de protesto."

Foto: EVARISTO SA/AFP via Getty Images
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Bolsonaro (foto) disse que os atos não serão para protestar, e sim para mostrar que o Brasil está no caminho certo

30 abril, 2022

O presidente Jair Bolsonaro (PL) usou um evento oficial neste sábado (30/4) em Uberaba (MG) para convocar seus aliados a participarem dos atos convocados para neste domingo, 1º de maio. Bolsonaro disse que os atos não serão para protestar, e sim para mostrar que o Brasil está no caminho certo. Segundo ele, serão manifestações para mostrar que todos precisam jogar dentro das quatro linhas da Constituição, em recado ao STF (Supremo Tribunal Federal). "Não abrimos mão da nossa liberdade", disse o presidente, que completou. "Não será dia de protesto." Aliados do presidente defendem que ele não participe dos atos em desagravo ao deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) neste domingo (1º/5), por temor de discursos radicalizados que possam acentuar a crise entre os Poderes. Já integrantes do Legislativo e do Judiciário, com ou sem a presença do chefe do Executivo, temem que as manifestações possam reeditar os atos de raiz golpista de 7 de Setembro do ano passado. Neste domingo estão previstas mobilizações em ao menos cinco capitais: Salvador, Curitiba, Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. Os últimos três devem ser maiores, em especial o que ocorrerá na avenida Paulista. Segundo organizadores, Bolsonaro ainda não definiu se participará do ato na capital federal, que deve ocorrer em frente ao Congresso. Mas integrantes da segurança da Presidência participaram das reuniões com a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal. O entorno do chefe do Executivo diz que ele só comparecerá ao ato de Brasília caso a manifestação seja volumosa. Neste sábado, Bolsonaro participou da Expozebu, maior evento da pecuária no país. O evento teve tom eleitoral, com citações aos seus pré-candidatos nos estados, como Tarcísio de Freitas (Republicanos), que deve disputar o Governo de São Paulo. O general Braga Netto, que deve ser vice de Bolsonaro, também foi saudado. O presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), foi vaiado pelos presidentes ao ter seu nome anunciado na abertura do evento. Bolsonaro em seguida o elogiou. Lira é um dos principais líderes do centrão, responsável pela base de apoio ao presidente no Congresso em troca de cargos e verbas. Já o governador Romeu Zema (Novo-MG) foi recebido com aplausos e, ao iniciar seu discurso, pediu uma salva de palmas a Bolsonaro. Zema é candidato à reeleição e tem oscilado na relação com o Planalto. Tradição mantida A Expozebu, maior evento da pecuária no país, projeta R$ 300 milhões em negócios entre este sábado e o próximo dia 8, entre leilões de gado e shoppings de animais. Serão 43 eventos neste ano, ante 36 da última edição, em 2019. Exposição que recebe visitantes nacionais e estrangeiros, a Expozebu tem protocolos diferentes para os dois públicos, devido à Covid-19. Brasileiros terão de apresentar cartão de vacinação ou fazer exame num laboratório em frente ao parque ou levar laudo de que tiveram Covid-19 recentemente e estão curados. Estrangeiros, obrigatoriamente, farão exame laboratorial. Ao visitar Uberaba, Bolsonaro manteve a tradição de presidentes da República participarem do principal evento da pecuária no país. Desde que Getúlio Vargas (1882-1954) inaugurou o parque Fernando Costa, que abriga o evento, em maio de 1941, apenas dois presidentes não estiveram na feira em seus mandatos - não estão incluídos governos interinos. Segundo o Museu do Zebu, que fica no parque, só não participaram da exposição Eurico Gaspar Dutra, que governou o país entre 1946 e 1951, e Jânio Quadros, que foi presidente entre janeiro e agosto de 1961. Juscelino Kubitschek, Ernesto Geisel, Fernando Collor, Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e Michel Temer são alguns dos governantes do país que participaram da abertura da feira. Todos os governantes do regime militar (1964-1985) e os presidentes da redemocratização compareceram à feira. Os dois anos sem eventos presenciais devido à pandemia da Covid-19 colocaram em risco a manutenção da tradição, caso Bolsonaro não comparecesse neste ano e não conquistasse um segundo mandato nas eleições deste ano. Em 2019, o Ministério da Agricultura chegou a divulgar agenda informando que Bolsonaro participaria do evento, mas, em novo informe no dia seguinte, o nome do presidente não constava mais da lista. Ele foi representado pela ex-ministra (Agricultura) Tereza Cristina.