Brasília (DF) - O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez uma live mais curta que o habitual na quinta-feira (25/3), falando por cerca de 20 minutos. Ele anunciou a provável data do início do novo auxílio emergencial, criticou mais uma vez a política do 'fica em casa e feche tudo' e afirmou que o país pode começar a produzir a própria vacina em três meses. Logo no início da transmissão, Bolsonaro comentou sobre o novo auxílio emergencial, que será pago em quatro parcelas com valor médio de R$ 250, variando entre R$ 150 e R$ 375 de acordo com a composição da família. Primeiro, o presidente afirmou que ele começaria a ser pago "na semana que vem", mas depois citou que seria no dia 4 (domingo) ou 5 (segunda-feira) de abril. "Já é o maior programa social do mundo, para atender exatamente aqueles que forma atingidos pela política do "fica em casa e feche tudo".
Mais críticas ao isolamento social
Bolsonaro novamente fez críticas às políticas de isolamento, dizendo ter visitado uma comunidade em Taguatinga (DF). "As pessoas estão em situação complicada. A alimentação acabou", disse. Ele fez referência às medidas de isolamento social, que o presidente chama frequentemente de "política do fica em casa que a economia a gente vê depois", e afirmou que "não sabe onde o Brasil vai parar se a política do fecha tudo de forma radical continuar". Apesar disso, o presidente não criticou diretamente governadores e prefeitos, como fez em outras ocasiões. Sua defesa do "tratamento precoce" também foi discreta, fazendo referência à cloroquina, medicamento que tomou quando contraiu o coronavírus no ano passado. Ele chegou a dizer que "não existe medicamento certo de forma clara" para quem acabou de contrair a doença. "Quem sentir qualquer sintoma que possa ser covid deve entrar em contato com a unidade de saúde ou conversar com seu médico para ver o que ele vai receitar. Não tem medicamento certo para isso, de forma clara, não existe medicamento para isso. Mas o médico tem alternativas e pode salvar sua vida com essa alternativa. O atendimento imediato é bem-vindo e necessário. Se eu for reinfectado, já tenho meu médico aqui e sei o que ele vai receitar para mim. Foi o que me salvou lá atrás."
Vacina
Ainda no início da live, quando defendia as políticas de seu governo no combate à covid-19, o presidente cometeu um ato falho ao dizer que as "medidas contra as vacinas começaram a ser tomadas lá atrás", e depois se corrigiu. "Nos preocupamos com a vida, sim. As medidas contra as vacinas começaram a ser tomadas lá atrás. Muita gente nega isso aí, é negacionista, vamos dizer assim. Mas graças ao trabalho do [ex-]ministro [Eduardo] Pazuello, teremos por volta de 500 milhões de doses no Brasil até o fim do ano." Minutos depois, ele foi informado sobre o ato falho. "Eu falei 'medidas contra a vacina'? Então vamos corrigir: não é contra a vacina, é contra a covid." No ano passado, Bolsonaro por vezes levantou dúvidas sobre os imunizantes e chegou a afirmar que não compraria, por exemplo, a Coronavac – a vacina que foi mais aplicada nos brasileiros até agora - em meio a uma disputa com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Ele também contestou o imunizante da Pfizer – o governo federal chegou a recusar a compra da vacina, que foi oferecida pela farmacêutica ainda em 2020, por divergências em relação aos termos de responsabilidade sobre eventuais efeitos colaterais da substância. Além disso, Bolsonaro defendeu inúmeras vezes que a vacina não seria obrigatória no país e também declarou que não se vacinaria. Hoje, o presidente disse que "não adianta querer criar narrativas" sobre sua posição em relação aos imunizantes. "Eu sempre disse que, entre eu e a vacina, existe a Anvisa. Tem que respeitar a Anvisa, senão daqui a pouco começa a chegar coisa aí não sabe de onde, e coloca em risco a população e a saúde pública. Todas as vacinas aprovadas pela Anvisa nós compramos." Ele afirmou que, hoje, o Brasil está aplicando cerca de 500 mil doses diárias de vacinas. "Certamente vai aumentar", disse, alegando que estados e municípios estão corrigindo procedimentos com o Ministério da Saúde para atualizar com mais rapidez o número de vacinados. O presidente ainda declarou que "daqui a aproximadamente três meses" o Brasil deve começar a fabricar sua própria vacina. Ele também disse que ela poderia ser "um pouquinho alterada" caso precise atacar possíveis variações de cepa do coronavírus, mas não esclareceu de onde tirou essa informação e nem estabeleceu qualquer prazo para que esse imunizante nacional, ainda em fase de testes, comece a ser efetivamente utilizado. Na transmissão, Bolsonaro ainda declarou que o governo federal fez contatos com laboratórios para comprar material que permitem a execução da intubação de pacientes – alguns estados começaram a relatar que o material está em falta. "Há uma corrida muito grande [pelos insumos], além daquela que já era esperada, daí pode complicar, realmente. Mas estamos trabalhando firmemente", disse Bolsonaro. Em nenhum momento o presidente citou o aumento do número de mortos pela Covid-19 no país, que chegou a superar 3.000 na terça-feira (23/3), e nem a superlotação de leitos nos hospitais por todo o país.