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Março de 2024
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Homenagem

Universitária usa roupa de faxineira da mãe para homenageá-la em formatura

O pai taxista e a mãe faxineira conseguiram pagar a faculdade da filha Roberta Mascena até ela conseguir uma bolsa de estudos e concluir o curso.

Foto: Divulgação
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A estudante Roberta Mascena usou o uniforme de faxineira da mãe para homenageá-la durante formatura na faculdade de Pedagogia, em Santos (SP)

28 fevereiro, 2021

Santos (SP) - A estudante de pedagogia Roberta Mascena, de 25 anos, se vestiu para a formatura com o uniforme de faxineira da mãe, Marlene Cordeiro de Oliveira, para homenageá-la. Ela parou de estudar aos 13 anos, retomou os estudos com a ajuda da filha e pagou a faculdade dela. “Quando eu estava na 8ª série, ajudei minha mãe a estudar. Ela cursava a EJA na Escola Barão do Rio Branco. Não sabia muito, mas ajudei no que pude. Lembro dela saindo superfeliz das provas de matemática porque tirava as notas mais altas da sala”, contou Roberta em entrevista. Marlene morava em Afogados de Ingazeira, no sertão de Pernambuco. Aos 13 anos, saiu de casa para trabalhar como empregada doméstica na residência de outras famílias e parou de frequentar a escola. Já adulta, foi para Santos, no litoral de São Paulo, onde conheceu Roberto Mascena de Lima, pai de Roberta. Trabalhou como vendedora e cuidadora de idosos, e há 10 anos é encarregada de limpeza em um prédio. Após ver os filhos crescerem, ela resolveu retomar os estudos e concluiu o Ensino Fundamental em 2010. Roberta estudou em escolas públicas e resolveu cursar Pedagogia na Universidade Metropolitana de Santos. O pai taxista e a mãe faxineira conseguiram pagar a faculdade da filha até ela conseguir uma bolsa de estudos e concluir o curso. Em função da pandemia de coronavírus, a estudante não pôde contar com a presença dos familiares, por isso decidiu homenageá-los. Durante a sessão de fotos dos formandos, o único momento que os pais poderiam estar presentes, Roberta colocou debaixo da beca o uniforme utilizado por Marlene durante o trabalho como faxineira. “Na hora que fomos tirar a foto, eu abri a beca, ela viu a roupa. Ela começou a chorar e me abraçou. Ela não falou nada porque eu acho que não tem palavras que possam expressar qualquer tipo de sentimento que ela teve naquele momento”, recordou a universitária. “É uma pessoa que a humanidade poderia conhecer e se apaixonaria por ela. Ela é uma pessoa incrível. Ela merece mais do que uma simples homenagem. A história da minha mãe é uma história dura, de milhões de brasileiros que viveram na miséria por muito tempo, uns tiveram sucesso conseguiram sair e outros não”, complementou. A nova pedagoga quer atuar com crianças e adolescentes em vulnerabilidade social e deseja fazer um mestrado para dar aulas em universidades e promover projetos sociais em comunidades e em vilas caiçaras.