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Março de 2024
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Crítica

Pastores usam redes para criticar restrições e pedir doações

Declarações vão desde postagens nas redes sociais até declarações em programas de TV

Foto: Reprodução
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Pastores prometem curas a partir de orações

06 junho, 2021

Muitas das Igrejas apoiadoras do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) têm usado as redes socais para promover o fim do distanciamento social, que estaria causando problemas financeiros nas instituições. Pastores da Universal, da Igreja Internacional da Graça de Deus (de R. R. Soares) e da Associação Vitória em Cristo (de Silas Malafaia) também pedem dízimos, defendem o tratamento precoce com cloroquina e ivermectina, que não têm eficácia comprovada, e criam suspeita sobre eficácia da vacina. Renato Cardoso, bispo da Universal, por exemplo, publicou vídeo em março no YouTube, no qual pede doações de fiéis para cobrir custos da Igreja, que teria sido afetada pelas restrições da pandemia. No vídeo, ele aparece com um cesto, simbologia para recebimento de doações, e pergunta: "vocês preferem o auxílio emergencial ou o auxílio providencial?". Ele promete milagres para aqueles que fizerem as doações, incluindo aquelas que saírem dos valores recebidos do auxílio emergencial. "Eu quero ouvir testemunhos, meu Pai, nesta semana ainda, de pessoas que colocaram no cesto o seu pão e peixe, a sua oferta, o seu desafio de fé, e o Senhor multiplicou." Além disso, os religiosos propagam curas milagrosas a partir de orações e bênçãos à distância para aqueles que se infectarem com o coronavírus. Em um dos programas televisivos da Igreja Internacional da Graça de Deus, de R. R. Soares, o pastor Rogerio Postirgo envia bênçãos àqueles que se encontram doentes. Depois, mostra relatos de curas de telespectadores. O pastor Silas Malafaia, da Associação Vitória em Cristo, usou suas redes sociais para criticar o distanciamento social. Os templos, no entanto, não ficaram desamparados durante a pandemia. As atividades religiosas foram incluídas por Bolsonaro como atividade essencial no decreto de calamidade pública. As restrições ao funcionamento das igrejas vieram dos governos estaduais. Além de definir cultos como atividades essenciais, o governo federal também estabeleceu o perdão de dívidas tributárias, no total de R$ 1 bilhão, de acordo com o Ministério da Economia. Tal benefício não podia ser assumido oficialmente por Bolsonaro, que vetou, sob alegação que poderia passar por processo de impeachment por não cumprir a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). No entanto, o presidente pediu que o Congresso derrubasse o veto, o que aconteceu.

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